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Marina Marcon

Eisenstein e o Cinema Sonoro I


Hoje vamos conhecer mais sobre um dos maiores cineastas Serguei Eisenstein. Esse russo que muito contribuiu para os experimentos feitos no cinema se destacou por propor o uso criativo do som no cinema.

Como visto anteriormente, em 1927 surgiu o vitaphone que possibilitou a sincronização entre som e imagem. Assim, diversos diretores se posicionaram a respeito do novo advento, Eisenstein, preocupado com o rumo que o cinema teria propôs o uso do som de maneira assincronica a imagem, ou seja, ambos elementos deveriam ter a mesma importância e independência.

Ele afirma que “cinematografia é, em primeiro lugar e antes de tudo, montagem”, e para ele “tal como base de qualquer arte é o conflito” (EISENSTEIN: 2002: 35-43).

Sendo que o conflito poderia ser dentro da trama, podendo ser conflito de direções gráficas (linhas estáticas ou dinâmicas), conflito de escalas (planos), conflito de volumes (intensidade), conflito de massas (espacial), conflito de profundidades (luz), conflito entre um objeto e sua dimensão e conflito entre um evento e sua duração. Assim, ele conclui que antes do advento da sincronização o princípio significativo era o do “contraponto ótico”, mas com a chegada do som, o cinema teve um outro conflito: entre acústica e ótica.

No texto “Fora do Quadro” ele faz uma reflexão sobre as possibilidades que o cinema sonoro trás, manifestando sua experiência com a montagem até então ótica, para então nos próximos textos formular soluções para criar o contraponto audiovisual.

Já no texto “Dialética do filme” ele apresenta que o conflito entre experiência ótica e acústica produz o cinema sonoro e um exemplo de aplicação do contraponto audiovisual o teatro japonês Kabuki: Os japoneses nos mostram uma outra forma, extremamente interessante de conjunto_ o conjunto monístico. Som_ movimento_ espaço_ voz aqui, não acompanham um ao outro (nem mesmo são paralelos) um ao outro, mas funcionam como elementos de igual significância (EISENSTEIN: 2002:29).

Ele considera que por ser um conjunto monístico (unidade) o Kabuki é diferente da ópera, onde há o “paralelismo de conjunto”; a orquestra, o coro e os solistas possuem a mesma importância que os cenários; assim no lugar do acompanhamento, eles utilizam o método de transferência, transferindo o objetivo afetivo básico de um material para outro, de uma categoria de “provocação” para outra.

Esse link possui um exemplo do teatro Kabuki, que demonstra essa independência e transferência das provocações dos elementos musicais e visuais exemplificando o contraponto audiovisual apresentado por Eisenstein: https://youtu.be/V9QHX0LTL0w



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